França: um destino tradicional que exige uma oferta de nicho

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Além de ser o principal destino turístico a nível mundial, a França é, também, um dos maiores mercados emissores. É, atualmente, o 3º mercado de procura externa para o Porto e Norte, com cerca de 10% de quota da procura externa. E foi, até 2023, consistentemente o 2º mercado, até ter sido ultrapassado pelos EUA. Em 2024, os números mostram uma quebra nos indicadores hóspedes, dormidas e passageiros desembarcados, face a 2023, contrariada apenas pelo aumento das receitas turísticas.

Mercado França no turismo mundial

Em 2024, a França foi a 7.ª maior economia a nível mundial, 3.ª no contexto europeu e a 2.ª na União Europeia, gerando 17,5% do PIB da UE. Com uma economia forte e desenvolvida, assente sobretudo no setor dos serviços, existe uma predisposição natural para as viagens para o estrangeiro.

No ano passado, o país foi o 5.º maior mercado emissor de turistas a nível mundial, com 61,1 milhões de viagens, o que representa uma quota de 3,8% do total da procura turística mundial. Os indicadores relativos a 2024 revelam uma um crescimento de 11,3% em relação ao ano anterior e de 5,6% em relação ao período pré-pandemia.

Com uma localização central no continente europeu, a maioria dos turistas franceses (74,8%) escolheu a Europa como destino das suas viagens, como mostra o top 10 dos fluxos de outbound.

  • Espanha: quota (20,2%);
  • Itália (14,2%);
  • Reino Unido (5,1%);
  • Alemanha (3,3%);
  • Grécia (3,2%);
  • EUA (3,1%);
  • Portugal (2,9%)
  • Bélgica (2,5%);
  • Marrocos (2,3%):
  • Turquia (1,8%);

Os gastos no estrangeiro também registaram um crescimento de 17,3% face ao ano anterior, como se pode constatar a partir dos dados da tabela abaixo:

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Fevereiro de 2025

Mercado França para Portugal

Analisando a totalidade do ano de 2024, e apesar de um ligeiro decréscimo no número de hóspedes, dormidas e passageiros desembarcados (ver tabela abaixo), a França foi o 5.º mercado turístico da procura externa para o destino Portugal.

O decréscimo das dormidas ocorreu em praticamente todos os meses face aos meses homólogos anteriores, exceto em abril e dezembro.

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Fevereiro de 2025

O país teve uma quota de 8% no indicador dormidas (4,5 milhões) e de 8,5% no indicador hóspedes (correspondente a 1,6 milhões).

Os dados relativos aos últimos 10 anos, resumidos nas três tabelas que se seguem, revelam um crescimento em todos os indicadores, interrompido pela pandemia, mas retomado nos anos que se seguiram.


Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Fevereiro de 2025

A ligeira descida nos indicadores hóspedes e dormidas registada em 2024 não se verificou nas receitas turísticas, que cresceram 1,8% em relação ao ano anterior e atingiram os 3,2 mil milhões de euros. Um valor já acima de 2019 e que coloca a França em segundo lugar neste indicador, com uma quota de 11,7%.

O mapa relativo às dormidas é relativamente equilibrado, já que, apesar de Lisboa liderar as preferências (27,5% das dormidas), a diferença para Algarve (22,1%) e Norte (21,9%) não é muito significativa.

Os dados disponíveis permitem traçar o perfil do turista francês que visitou Portugal em 2024:

  • A maioria das dormidas ocorreu na hotelaria (69,8%);
  • Os hotéis de 4 estrelas receberam quase metade das dormidas (46,5%), seguindo-se os de 3 estrelas (26%);
  • Transavia (22,7%), Easyjet (22,4), TAP (20,2%) e Ryanair (19,1%) são as principais companhias aéreas usadas nas viagens para Portugal;
  • Mais de 60% dos voos partiram de Paris; Lyon (9,4%) e Nantes (7,1%) ocupam os lugares que se seguem, numa lista onde constam ainda, com, menos relevância, Marselha, Bordéus, Toulouse e Nice;
  • 23,9% dos turistas ficaram entre 6 a 8 noites em Portugal e 21% entre 4 a 5 noites;
  • 38,1% vieram sozinhos e 29,6% na companhia de outra pessoas; as viagens em grupos de 3 ou 4 pessoas representaram 10,1% e 9,7% do total, respetivamente;
  • a preparação da viagem para Portugal começa mais de três meses antes em 19,7% dos casos; no entanto, 15,9% só fazem as reservas 15 dias a um mês antes e 13,6% nos 5 a 14 dias que antecedem a deslocação.

Na análise dos dados relativos às operações em cartão na rede multibanco é possível verificar que se tem verificado um crescimento significativo nos anos que se seguiram à pandemia. O valor médio por operação, contudo, diminuiu, mesmo tendo em comparação com os anos de 2020 e 2021, tendo ficado nos 40,60€ em 2024.

É no Norte que os turistas franceses mais usam os seus cartões para pagamentos (ver tabela abaixo). A região registou 37% das transações, enquanto na Grande Lisboa ocorreram 20,2% dessas operações. Seguem-se Algarve e Centro, ambos com 14,2%.

Já no que respeita ao destino desses pagamentos, 63,27% concentram-se no comércio a retalho, 27,55% na restauração e apenas 9,1% no alojamento.

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Fevereiro de 2025

Sazonalidade

Como se pode constatar no quadro abaixo, é no verão que se verifica a maioria das viagens para Portugal. Em 2024, 55 rotas provenientes de 23 cidades e 9 companhias aéreas foram responsáveis por 17.574 operações.

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Fevereiro de 2025

No inverno, como se verifica na tabela seguinte, o número de operações desce: 49 rotas, 21 cidades, 8 companhias áreas e 9.646 operações.

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Fevereiro de 2025

Ano de 2025

Os dados relativos ao ano de 2025, embora representem uma amostra limitada (já que dizem respeito apenas a janeiro e fevereiro), permitem confirmar algumas tendências verificadas em 2024, como a descida do número de hóspedes e de dormidas, compensada por um aumento das receitas turísticas.

Assim, nos dois primeiros meses do ano, a França foi o 5.º mercado turístico da procura externa para o destino Portugal, com uma quota de 6,8% nas dormidas e o 6.º mercado para o indicador hóspedes (quota 7,5%).

Na comparação com o mesmo período de 2024, verificou-se um decréscimo de 4,8% em termos de dormidas e de 3,7% nos hóspedes. Entre janeiro e fevereiro, Portugal recebeu 136,1 mil hóspedes franceses, que geraram 351,3 mil dormidas, em estadias médias de 2,6 noites.

Neste período foi registado um aumento nas receitas turísticas na ordem dos 3,8%. O mercado francês ocupou o 3.º lugar neste indicador, com uma quota de 10,0%, correspondente ao valor de 303,2 milhões de euros.

O número de passageiros desembarcados (495,7 mil) coloca o mercado francês na primeira posição, com uma variação de 2,7% em relação ao ano anterior.

Os dados referidos estão resumidos na tabela abaixo:

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Fevereiro de 2025

No início do ano, a Grande Lisboa manteve-se como o principal destino nacional dos turistas provenientes da França, sendo de registar a quota de 24,6% obtida pelo Norte, que suplantou o Algarve como segundo destino preferido dos franceses (o que pode ser explicado pelo facto de serem meses de inverno).

Tal como se verificou ao longo do ano de 2024, também nos dois primeiros meses de 2025 as dormidas na hotelaria concentraram uma parte significativa das preferências (72,5%). Mantém-se igualmente a escolha dos 4 estrelas (48,9%) como a principal opção para essas dormidas.

Neste período, a TAP foi a companhia aérea mais usada pelos turistas franceses (23,2%), seguindo-se Ryanair (21,2%), Transavia e EasyJet (quota de 20,9% para cada uma). Mais de 60% dos voos tiveram origem em Paris.

Os dados relativos às compras efetuadas com cartões na rede multibanco revelam um acréscimo de 3% face ao período homólogo anterior. O Norte registou 35,6% das operações.

Segundo dados do INE, no período de janeiro a julho de 2025, em comparação com o período homólogo de 2024, o mercado francês registou uma quebra de cerca de 4,8% no valor das dormidas no Porto e Norte. Por outro lado, o francês é um dos mercados com melhor índice de dispersão geográfica pelo território, para lá do Porto, com destaque para as quotas das regiões do Cávado, Ave e Alto Minho, como se pode constatar no gráfico seguinte:

Mercado França para o Porto e Norte: oportunidades

Sendo o mercado com mais voos diretos para o Porto, com ligações regulares a partir de cerca de 20 destinos e mais de uma centena de voos semanais, tanto no verão como no inverno, a região Norte tem um enorme potencial de acolhimento dos turistas franceses.

Os dados relativos às dormidas, mas sobretudo, às operações com cartões, mostram que existe um verdadeiro interesse destes turistas pelo Norte. E as previsões relativas ao fluxo de outbound dos turistas franceses fazem com que este seja um mercado a merecer toda a atenção. Mesmo porque a sazonalidade do mercado continua acentuada, como se pode verificar no gráfico seguinte, a partir de dados do INE, e importa por isso combatê-la com abordagens segmentadas de nicho e produtos de low e shoulder season.

Dados da consultora Future Market Insights indicam que o mercado de turismo francês deve atingir, este ano, os 72.9 mil milhões de USD, impulsionado pelo aumento dos rendimentos, crescente apelo das viagens ao estrangeiro e aumento do número de estadias prolongadas para trabalho remoto.

Estas são as principais tendências observadas pela consultora relativamente ao turismo francês e que podem ser analisadas numa perspetiva de oportunidades para o Porto e Norte:

  • aumento da procura pelo turismo cultural;
  • opções de viagens sustentáveis;
  • interesse crescente pelo turismo de bem-estar;
  • pacotes de workation;
  • verão como época preferencial para viajar para a Europa;
  • as viagens de curta duração (escapadinhas) representam 32% do turismo francês e têm como destino cidades europeias, como Barcelona ou Amesterdão;
  • estas viagens curtas são feitas sobretudo por pessoas sozinhas, casais e pequenos grupos;
  • 40% das viagens são marcadas pelos próprios turistas, sem intervenção de agências ou outros operadores;
  • players como Havas Voyages, GO Voyages e Opodo têm quotas significativas nos segmento das viagens organizadas;
  • o segmento das viagens de nicho, como luxo ou aventura, está a prosperar, tendo já uma quota de cerca de 35% do mercado.

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