Japoneses e sul-coreanos procuram cada vez mais Portugal como destino turístico, com o Porto e Norte a captar uma percentagem crescente destes visitantes.
Cultura, gastronomia e segurança estão entre os principais motivos de escolha, apontando caminhos promissores para o reforço da atratividade da região junto dos turistas daqueles mercados.
A quarta maior economia do mundo, com uma população de cerca de 124,5 milhões de habitantes surge como um mercado atrativo para a captação de turistas, sobretudo tendo em conta o elevado poder de compra e o nível de sofisticação do consumo.
Estes indicadores contribuíram para que em 2019 o Japão representasse 1% da quota de procura turística a nível mundial (21,4 milhões de turistas, mais 6,5% do que no ano anterior). A pandemia teve obviamente efeitos negativos nestes números, com quebras superiores a 80% em 2020 e 2021.
O ano de 2022 marcou já a recuperação com um crescimento de 540%, consolidado por um novo aumento de 325,7% em 2023. 2024 foi já um ano de retoma em pleno, ultrapassando-se os valores de 2019. O Japão foi o 17º mercado emissor a nível global, com uma quota de 1,4% e 22,8 milhões de viagens para o estrangeiro.
Os gastos turísticos cresceram 109,9%, totalizando 54,9 mil milhões USD, igualmente acima dos gastos que se registaram em 2019.
Em 2024, o top 10 de destinos dividiu-se da seguinte forma:
1. EUA (quota de 17,7%)
2. Coreia do Sul (15,5%)
3. Taiwan (9,6%)
4. Tailândia (8,6%)
5. Vietname (4,3%)
6. China (4,3%)
7. Singapura (3,4%)
8. Guam (3,0%)
9. Hong Kong (3,0%)
10. Alemanha (2,9%)
A recuperação no turismo japonês refletiu-se na procura pelo destino Portugal. Numa análise aos primeiros 11 meses de 2024, verifica-se que o mercado japonês se posicionou como o 36º mercado turístico da procura externa para o destino Portugal no indicador dormidas (quota 0,3%). Neste período, as dormidas registaram um crescimento de 40,5% e os hóspedes terão aumentado 40,8% face ao mês homólogo de 2023, totalizando 70,1 mil hóspedes.
No que se refere ao indicador hóspedes, o Japão ocupou o 30.º lugar, com uma quota de 0,4%. O gráfico abaixo mostra a variação nestes indicadores.

Na comparação entre os períodos homólogos de 2023 e 2024, destacam-se ainda os seguintes dados:
O Norte é a segunda região mais visitada (26%), com uma grande diferença relativamente ao Centro (6,5%) e Algarve (5,1%); a Grande Lisboa concentra mais de metade dos turistas japoneses.
As dormidas na hotelaria constituem a grande maioria das escolhas (80,4%), seguindo-se o alojamento local (apenas 14,8%). Quase metade (46,5%) das dormidas concentram-se em hotéis de 4 estrelas; os hotéis de 5 estrelas e os de 3 têm uma quota igual (25,9%).
O lazer foi o principal motivo das visitas em 2023 (57,3%), com estadias relativamente curtas tendo em conta a distância entre o Japão e Portugal (26.6% ficaram entre 4 a 5 noites e 29,7% entre 6 a 8). Mais de dois terços (38,9%) viajaram sozinhos e 15,5% em grupos de mais de 10 pessoas.
No que se refere às compras e levantamentos efetuados por cartões com origem no Japão, regista-se uma tendência de crescimento desde 2021: subida de 402,8% em 2022, de 118,2% em 2023 e de 49,5% nos primeiros 11 meses de 2024.
Refletindo a distribuição geográfica da procura, é na Grande Lisboa que se concentra a grande maioria das operações (quota 67,8%), seguindo-se o Norte (22,6%), Centro (4,5%) e Algarve (2,4%). Comércio a retalho (41,2%), Restauração e similares (35,1%) e Alojamento (23,7%) concentram a maioria das operações.
Nos primeiros 11 meses de 2024 registaram-se 37,335 dormidas de turistas japoneses, o que representou um aumento de 50%, colocando-os na 26ª posição no Porto e Norte, com uma quota de 0,4%. Já o valor das operações com cartões representou 24% do total (22,6% no total do ano anterior).
No gráfico seguinte é mais fácil perceber a evolução do número de hóspedes oriundos do Japão, mês a mês, no período compreendido entre 2019 e 2024.

E no gráfico seguinte é ainda possível visualizar a evolução do total de hóspedes japoneses no Norte de Portugal, entre 2019 e 2024. E fica a interrogação sobre se será este ano que regressaremos aos números pré-pandemia.

A tendência de crescimento nos anos de 2023 e 2024 é notória tanto no número de hóspedes, como no de dormidas, conforme se resume no gráfico seguinte.
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Analisando agora o período entre janeiro e maio dos anos de 2024 e 2025 estes indicadores parecem confirmar-se, como indica o gráfico.
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Destacando-se em termos económicos pela sua forte componente industrial e especialização de recursos humanos, a Coreia do Sul foi, em 2024, a 14.ª maior economia mundial. Tal como o Japão, destaca-se pelo interesse em viagens internacionais. Se em 2019 ocupava o 11.º lugar em termos globais como mercado emissor de turistas, os anos que se seguiram ficaram marcados pela pandemia e consequente quebra no número de turistas.
O ano de 2022 assinalou a retoma, com um aumento de 435,9%, reforçado pelo crescimento de 253,5% em 2023. Em 2024 consolidou-se esta tendência e a Coreia do Sul foi o 14.º mercado emissor a nível mundial, com 30,2 milhões de viagens ao estrangeiro e uma quota de 1,9%. Mais significativo ainda é o facto de os valores relativos a 2019 terem crescido 5,3%.
Os destinos mais visitados foram:
1. Japão (quota de 19,4%)
2. Vietname (15,4%)
3. EUA (8,3%)
4. Filipinas (6,6%)
5. Tailândia (6,6%)
6. China (4,9%)
7. Taiwan (4,2%)
8. Hong Kong (2,6%)
9. Guam (2,5%)
10. Malásia (2,2%)
Num ano em que a região Ásia Pacífico concentrou 75,6% do total dos turistas sul-coreanos que viajam para o exterior, a Europa teve uma quota de 10,4%, em 2024. Portugal ficou na 20.ª posição mundial e 4.ª a nível europeu, com uma quota de 0,8%.
O turismo sul-coreano em Portugal registou, entre 2023 e 2024, um crescimento superior a 30% nos indicadores dormidas, número de hóspedes e receitas turísticas, como demonstra o quadro abaixo.

No ano de 2024, estes indicadores superaram não só os verificados em anos anteriores, mas também os que se registaram antes da pandemia, o que parece comprovar a consolidação de Portugal como um destino que desperta cada vez mais interesse entre os turistas vindos da Coreia do Sul.
Numa comparação entre o ano de 2024 e o de 2019 registou-se um crescimento de 9% no número de hóspedes, de 10,9% nas dormidas e de 54,0% nas receitas turísticas.
No ano passado, o país foi o 23.º mercado turístico da procura externa para Portugal, com uma quota de 0,6% no indicador dormidas e 1,2% no indicador hóspedes (15.º lugar).
O Norte recebe já 31,8% dos turistas sul-coreanos que visitam Portugal (ligeiramente abaixo da Grande Lisboa com 35,6%), mas com uma diferença significativa relativamente a Oeste e Vale do Tejo (19,5%), Península de Setúbal (6,2%), Algarve (4,0%), Centro (2,3%), Alentejo (0,9%), Madeira (0,3%) e Açores (0,1%), como se pode constatar no gráfico seguinte.

Uma análise ao perfil dos turistas da Coreia do Sul permite identificar algumas características úteis para os operadores:
No gráfico seguinte é possível observar o número total de hóspedes sul-coreanos que escolheram o Porto e Norte como destino, no período compreendido entre 2019 e 2024:

Os indicadores relativos a hóspedes e dormidas revelam também subidas substanciais entre os anos de 2023 e 2024, como podemos verificar no gráfico abaixo.

Já a comparação entre os primeiros cinco meses de 2024 e de 2025 comprova que os turistas da Coreia do Sul procuram cada vez mais a região Porto e Norte.

Com base apenas nos dados do mês de janeiro de 2025, as primeiras perspetivas são animadoras (gráfico seguinte), embora seja necessário alguma cautela dada a escassez da amostra.

No primeiro mês do ano, a Coreia do Sul foi o 12º mercado turístico da procura externa para o destino Portugal, com uma quota de dormidas de 2,0% e de 3,3% no que respeita a hóspedes (9.º lugar) no geral. Os dados revelam um crescimento substancial face ao mês homólogo de 2024.
Tal como aconteceu em 2024, os turistas vindos da Coreia do Sul visitaram sobretudo a Grande Lisboa (quota 38,9%) e o Norte (35,6%), com um forte predomínio nas dormidas na hotelaria (77,6% das dormidas), sobretudo em hotéis de quatro estrelas (63,3%).
Os anos mais recentes começam a refletir os esforços de promoção do Porto e Norte em mercados como o Japão e a Coreia do Sul. Mais dormidas, um aumento no número de hóspedes e o facto de o número de visitantes estar já bastante próximo da Grande Lisboa – apesar da ausência de voos diretos para o Porto – indicam que a região está a ser descoberta pelos turistas vindos destes países.
A adequação da região às preferências dos viajantes japoneses e sul-coreanos: experiências únicas, gastronomia, cultura e compras – é uma vantagem a explorar, bem como a tendência para viagens em grupos por períodos de 4 a 8 dias.