Benelux: três oportunidades para o Porto e Norte

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Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo têm, entre os países da União Europeia, posições de destaque no que se refere ao turismo. Segundo o Eurostat, durante o ano de 2023, três em cada quatro habitantes dos Países Baixos e do Luxemburgo fizeram, pelo menos, uma viagem de lazer.

A mesma fonte indica ainda que, nesse mesmo ano, os residentes na Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo fizeram mais viagens ao estrangeiro do que domésticas.

Portugal, e em particular, o Porto e Norte, têm beneficiado desta apetência, como se pode verificar no gráfico abaixo, que mostra a evolução das dormidas de turistas do Benelux desde 2019. Os dados relativos a 2024 demonstram que os números pré-pandemia já foram superados.

Fonte: Elaboração própria com base em dados do INE – Inquérito à permanência de hóspedes na hotelaria e outros alojamentos

Na tabela que se segue e que agrega dados dos três mercados, é possível ter uma ideia não só da importância de cada um deles em termos de hóspedes e dormidas, mas também da estada tipo: cerca de duas noites por turista.

Estes dados devem ser avaliados tendo sempre em mente a dimensão e particularidades do mercado luxemburguês (cerca de 672 mil habitantes, dos quais cerca de 90 mil são portugueses).

Estada média BENELUX 2024Fonte: Elaboração própria com base em dados do INE – Inquérito à permanência de hóspedes na hotelaria e outros alojamentos

Já no gráfico abaixo é possível confirmar que o verão é a época em que a procura pelo Porto e Norte se intensifica. Agosto é o mês mais forte no que se refere ao Luxemburgo e Países Baixos. Ainda que, no caso dos neerlandeses, se verifique um crescimento significativo a partir de junho. Já os belgas preferem o mês de julho.

A sazonalidade do turismo com origem no Benelux é bem vincada, com quebras acentuadas a partir de setembro.

Fonte: Elaboração própria com base em dados do INE – Inquérito à permanência de hóspedes na hotelaria e outros alojamentos

Apresentados os dados agregados, importa conhecer agora os dados e características específicas de cada um dos três mercados.

Mercado Bélgica

Mercado Bélgica no turismo mundial

Dos cerca de 11,8 milhões de habitantes da Bélgica, 67,5% dos que tinham mais de 15 anos viajaram para o estrangeiro em 2023.

Os dados relativos a 2024 revelam que o país, apesar da sua dimensão, é o 7.º maior mercado emissor de turistas a nível mundial. Nesse ano, foram feitas mais de 28 milhões de viagens, o que representa uma quota de 1,8% do total da procura turística mundial. Foi um crescimento de cerca de 6% em relação ao ano anterior, superando também os valores verificados antes da pandemia (+6,6% em relação a 2019).

A Europa tem 91,2% dos fluxos de outbound dos turistas belgas, sendo o top 10 formado por:

  • França (quota 44,3%);
  • Espanha (10,1%);
  • Países Baixos (9,1%);
  • Alemanha (5,4%);
  • Itália (4,8%);
  • Reino Unido (3,5%);
  • Áustria (2,2%);
  • Turquia (2,2%);
  • Grécia (2,2%);
  • Marrocos (2,2%).

Em 2024, os gastos totais no estrangeiro por parte dos turistas belgas registaram um crescimento de 10,5% face ao ano anterior.

Os gráficos abaixo resumem as informações essenciais sobre o turismo da Bélgica no mercado mundial.

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Maio de 2025

Mercado Bélgica para Portugal

Portugal foi, em 2024, o 12.º mercado mais procurado pelos turistas belgas, que representaram 2% da quota de dormidas e 1,9% dos hóspedes no nosso país.

Os dados relativos à procura externa para o destino Portugal demonstram que, entre 2023 e 2024, existiu um aumento no número de hóspedes, de dormidas e nas receitas turísticas. Todos estes indicadores estão acima do período pré-pandemia.

Assim, na comparação entre os anos de 2019 e 2024, verificam-se subidas de:

  • 10,1% no indicador hóspedes;
  • 9,8% em dormidas; crescimento ocorreu em todos os meses, exceto em março e novembro;
  • 35,9% nas receitas turísticas.

No gráfico que se segue estão resumidos os principais indicadores da procura belga pelo destino Portugal:

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Maio de 2025

Perfil dos turistas belgas em Portugal durante o ano de 2024:

  • Algarve foi o principal destino (30,8%), seguindo-se a Grande Lisboa (23,8%); Norte tem uma quota de 13,8%;
  • 67% das dormidas ocorreram na hotelaria; o alojamento local reuniu apenas 16,8% das preferências;
  • 51% ficaram em hotéis de quatro estrelas; os hotéis de cinco estrelas têm uma quota de 23%;
  • Ryanair (39,3%) foi a companhia aérea preferida, seguindo-se a Brussels Airlines (27,7%) e a TAP (23,3%);
  • Praticamente todos os voos (99,9%) tiveram origem em Bruxelas;
  • Quase metade das viagens duraram entre 4 e 8 noites;
  • Um terço dos belgas viaja sozinho; 28,8% das viagens são feitas por duas pessoas; viagens em grupos de quatro pessoas representam cerca de 10% do total;
  • 74,6% dos belgas que chegaram a Portugal estavam em viagem de lazer;
  • 23,8% fizeram as reservas com mais de três meses de antecedência;
  • quase metade (49,84%) das operações com cartão multibanco ocorreram no setor do comércio a retalho e 34,32% na restauração e similares.

Dados de 2025 (janeiro a maio)

Os primeiros cinco meses de 2025 (ver gráfico abaixo) mantêm a Bélgica como o 12.º mercado turístico da procura externa para o destino Portugal, com quotas de hóspedes e dormidas bastante semelhantes às verificadas na totalidade do ano de 2024.

Ainda assim, em comparação com o período homólogo, verificou-se um crescimento de 1,3% nas dormidas e de 3,6% no que respeita a hóspedes. A estadia média foi de 3,1 noites.

Já no que respeita a receitas turísticas, o acréscimo foi de 2%, o que coloca a Bélgica com uma quota de 1,7% (o que corresponde a 123,4 milhões de euros).

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Maio de 2025

A análise mensal permite concluir que, em comparação com o mesmo período de 2024, existiu um decréscimo nos meses de fevereiro, abril e maio, mas um aumento em janeiro e março.

Mesmo estando ainda longe da época alta, em maio, o Algarve continua a ser o destino preferido dos turistas belgas (quota de 31,1%), seguindo-se a Grande Lisboa. O Norte, com uma quota de 14,5%, parece continuar em tendência ascendente.

Nos primeiros meses de 2025 a hotelaria mantém-se no topo das preferências dos turistas belgas (67,2% das dormidas), com os hotéis de 4 estrelas a receberem 47,9% das dormidas.

As operações com cartões multibanco nos primeiros meses de 2025 indicam que se vai manter o ritmo de crescimento anual, com um acréscimo de 8,6% face ao período homólogo anterior.

O maior volume de operações verifica-se na Grande Lisboa (28,1%), seguindo-se o Algarve (25,4%). O Norte surge depois, com 18,1%. Tal como no ano anterior, quase metade do consumo concentra-se no comércio a retalho.

Mercado Países Baixos

Mercado Países Baixos no Turismo Mundial

Com um fluxo de 36,8 milhões de euros, os Países Baixos foram o 7.º maior mercado emissor de turistas a nível mundial, o que corresponde a uma quota de 2,3% da procura global no ano de 2024.

As viagens para o estrangeiro dos neerlandeses tiveram, nesse ano, um crescimento 8% em relação a 2023. Em comparação com o período pré-pandemia, a subida foi ainda maior (16,5%).

O top 10 dos de destinos procurados pelos turistas dos Países Baixos quando viajam para o estrangeiro concentra-se no continente europeu:

  • França (quota 14,3%);
  • Alemanha (14,3%);
  • Espanha (11,8%);
  • Itália (7,4%);
  • Bélgica (7,1%);
  • Áustria (6,4%),
  • Reino Unido (4,9%);
  • Turquia (3,3%);
  • Grécia (3,2%);
  • Dinamarca (2,5%).

Os gastos no estrangeiro acompanharam a tendência de crescimento no número de viagens, tendo sido registado um aumento de 12,1% em relação ao ano anterior, como se pode constatar no gráfico abaixo. Neste indicador os Países Baixos posicionaram-se no 18.º lugar a nível mundial, com uma quota de 1,4%.

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Março de 2025

Numa comparação com o período pré-pandemia verifica-se que os números de 2024 superaram os de 2019, ano em que o país ocupava o 17.º lugar em termos mundiais, com uma quota de 1,4%.

Mercado Países Baixos para Portugal

Os Países Baixos são um mercado turístico importante para Portugal, tendo ocupado, em 2024, a 6.ª posição no indicador dormidas (o que se reflete numa quota 4,6%) e o 8.º no indicador hóspedes (quota 3,7%).

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Março de 2025

O gráfico acima permite também perceber que os números de 2024 representam uma tendência de subida em todos os indicadores:

  • as dormidas aumentaram 8,7% para 2,6 milhões; o crescimento ocorreu em todos os meses do ano;
  • o número de hóspedes teve uma subida de 9,1%, superando os 708 mil;
  • as receitas turísticas atingiram os 1.077,9 milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 13,5%; neste indicador os Países Baixos ocuparam o 8.º lugar entre os turistas estrangeiros, com uma quota de 3,9%.

São números que superam os que se tinham verificado antes da pandemia. Na comparação com 2019 registou-se uma subida de 18,4% no número de hóspedes, de 9,5% nas dormidas e de 52% nas receitas turísticas.

Algarve e Lisboa registam a maioria das operações na rede multibanco, sendo que 12,6% ocorreram no Norte. O comércio a retalho concentrou 41.02% destas operações, seguindo-se restauração e similares (34,28%) e alojamento (24,7%).

Perfil do turista dos Países Baixos em 2024

A preferência pelo Algarve é notória, sendo esta região o destino de 44,3% dos turistas dos Países Baixos que visitam Portugal. A Grande Lisboa reúne 18,7% das visitas, ficando o Norte nos 9,9% - contudo, registou-se uma variação positiva de 13.3% na procura pela região.

Tendo em conta os dados de 2024, há ainda outras características que se destacam no perfil destes visitantes:

  • Os hotéis receberam 57,7% das dormidas, enquanto o Alojamento local se ficou pelos 18%;
  • Mais de metade (51,3%) opta pelos hotéis de quatro estrelas;
  • Maio, julho e agosto são os meses preferidos para as viagens a Portugal;
  • A Transavia, com 41,8% das viagens, é a companhia aérea mais usada, seguindo-se a KLM (26,6%) e a TAP (13,3%);
  • 22,4% dos turistas neerlandeses ficam em Portugal durante 4 a 5 noites e quase 20% passa três noites no nosso país;
  • As viagens de lazer (78,2%) são o principal motivo da visita;
  • 39,9% viajam sozinhos e 29,7% na companhia de outra pessoa;
  • 18,5% marcam a viagem com uma antecedência superior a 120 dias, mas há também um número significativo que o faz mais perto da data de partida: 16,4% reservam 15 a 29 dias antes.

O número de operações em cartão na rede multibanco tem crescido, superando largamente os dados do período pré-pandemia. O valor médio por operação, que vinha descendo desde 2021 teve, entre 2023 e 2024, um aumento de 4,1%.

Dados de 2025 (janeiro a março)

Fonte: Travel BI by Turismo de Portugal. Mercado em números. Março de 2025

A análise, ainda que parcial, ao ano de 2025 (resumida no gráfico acima) coloca os Países Baixos como o 7.º mercado turístico no que respeita à procura externa para o destino Portugal no indicador dormidas.

Durante esse período, verificou-se também uma subida de 3,9% em relação ao período homólogo de 2024, num total de 113,6 mil hóspedes, que geraram 468,3 mil dormidas, com uma estada média de 4,1 noites.

O primeiro trimestre de 2025 trouxe igualmente um acréscimo nas receitas turísticas de cerca de 7,4% face aos meses acumulados de janeiro a fevereiro de 2024.

Tal como em 2024, o Algarve foi o principal destino dos turistas dos Países Baixos (quota de 56,3%). Grande Lisboa (17,7%), Madeira (13,3%) e Norte (7,1%) seguiram-se nas escolhas.

As preferências, em termos de hotelaria – os hotéis concentraram 61,1% das dormidas, com uma quota de 47,3% para os quatro estrelas –, também se mantiveram em linha com o que se tinha verificado em 2024.

Já no que respeita às compras efetuadas por cartões com origem nos Países Baixos, o primeiro trimestre revelou uma tendência de subida. 35,4% das operações concentraram-se no Algarve, 28,1% na Grande Lisboa e 12,6% no Norte. O comércio a retalho manteve-se como o setor com mais operações.

Outros dados a reter em relação ao 1.º trimestre de 2025:

  • A Transavia (quota de 38,9%) continua a ser a companhia aérea mais usada nas deslocações a Portugal;
  • Quase três quartos das partidas tiveram origem em Amsterdão (74,5%), seguindo-se Eindhoven (18,1%) e Roterdão (7,3%).

Mercado Luxemburgo

O Luxemburgo tem o PIB per capita mais elevado da União Europeia (UE), com 89.800 euros, o que ultrapassa largamente a média da UE (37.600 euros).

Apesar de não existirem muitos dados sobre as viagens dos luxemburgueses para o estrangeiro, há alguns pontos a salientar em relação a este mercado e que refletem a realidade económica do país.

Os dados do Eurostat relativos a 2023 – um ano marcado pela subida da inflação – mostram, sem surpresa, que os gastos dos europeus com viagens tiveram também um acréscimo. Nesse ano, a despesa média por noite rondou os 97.60€ por noite em viagem. No entanto, o valor gasto pelos luxemburgueses foi claramente superior: 183€ por cada noite.

Nesse mesmo ano, 75% dos luxemburgueses fizeram turismo (a média europeia é de 65%). Mais importante ainda é o facto de 94% das viagens feitas pelos luxemburgueses terem como destino um país estrangeiro. A dimensão do país (cerca de 2.500 quilómetros quadrados) ajuda a explicar esta percentagem, mas é também um indicador relevante para os operadores nacionais.

Surpreendentemente, pode dizer-se, o Luxemburgo foi o país da UE cujos residentes passaram mais noites no estrangeiro, por habitante, uma média de 37,9 noites em 2023, o que é quase seis vezes mais do que a média da União Europeia, que se fica pelas 6,4 noites!

Estes números, bem como o facto de existir uma natural ligação emocional entre os dois países, sobretudo pela relevância da comunidade de origem portuguesa ali residente, tornam o Luxemburgo um mercado interessante para o turismo nacional e para o Porto e Norte, em particular. Será talvez um destino que escapa a muitos radares de negócio, mas que seguramente não se esgota no tradicional mercado da saudade.

Por tudo isto, o bloco Benelux, ainda que com as idiossincrasias próprias de cada um dos mercados que o constiutem, merece toda a atenção dos operadores do Porto e Norte de Portugal.

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