A The Ocean Race Europe trouxe a Matosinhos um dos momentos mais marcantes da competição: o Fly-By, uma passagem técnica e desportiva no coração da etapa mais exigente desta maratona oceânica, numa organização do Turismo do Porto e Norte, com o apoio do Turismo de Portugal e da Secretaria de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, o município de Matosinhos, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto e a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana (APDL), com o Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões a assumir-se como palco principal do evento. Mais do que um espetáculo de vela de alta performance, a chegada da regata à costa portuguesa, a que assistiram mais de 20 mil pessoas, traduziu-se numa oportunidade de projeção internacional para o destino, reforçada pelo entusiasmo do público e pela presença de meios de comunicação de referência – alguns meios internacionais tiveram mesmo a oportunidade de participar numa press trip organizada pelo Turismo do Porto e Norte.
Entre a imprevisibilidade que torna esta prova única — nunca se sabe ao certo quando os barcos vão chegar — e a visão de futuro que os organizadores partilham com os parceiros locais, a passagem da The Ocean Race por Matosinhos destacou-se pela combinação de emoção desportiva, promoção territorial e criação de laços duradouros.
A The Ocean Race Europe é reconhecida como uma das mais prestigiadas regatas oceânicas do mundo. Trata-se de uma verdadeira maratona náutica que percorre muitas centenas de milhas, ligando cidades europeias e levando ao limite as capacidades humanas e tecnológicas da vela moderna.

© Jean-Louis Carli | The Ocean Race Europe 2025
Após o sucesso da primeira edição em 2021, a competição regressa em 2025 com ainda maior ambição. A rota liga Kiel (Alemanha) a Boka Bay (Montenegro), com chegada prevista para 21 de setembro, passando por destinos estratégicos como Portsmouth (UK), Cartagena (Espanha), Nice (França) e Génova (Itália). No meio deste traçado, Matosinhos recebeu um momento muito particular: o Fly-By, uma passagem que, sendo técnica, é também de enorme impacto desportivo e mediático, já que acontece durante a etapa mais longa e desafiante da prova.
Com os inovadores IMOCA 60 — barcos de alta performance equipados com foils que lhes permitem literalmente “voar” sobre as ondas —, tripulações mistas e internacionais desafiam o mar com estratégia, resiliência e espírito de superação, tornando cada chegada a um porto uma experiência de grande incerteza e emoção.
No dia 20 de agosto, o Porto e Norte de Portugal fez história ao receber o Fly-By da The Ocean Race Europe, em Matosinhos. Mais do que um espetáculo náutico de dimensão mundial, o momento foi, nas palavras do presidente do Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins, “uma vitória para o turismo da região” e um passo decisivo para afirmar o destino como protagonista no turismo náutico internacional.
Depois de uma noite difícil no mar, a emoção esteve à flor da pele com a entrada no Porto de Leixões de um dos barcos da prova, o Paprec Arkéa, onde estava Mariana Lobato, a única velejadora portuguesa nesta prova, erguendo a bandeira portuguesa. “São imagens brutais que vão correr mundo, a mostrar Matosinhos e Portugal ligados à The Ocean Race”, sublinhou Luís Pedro Martins.

A velejadora portuguesa Mariana Lobato à chegada a Matosinhos © Julien Champolion | The Ocean Race Europe 2025
A dimensão desportiva, promotora de notoriedade e projeção internacional, foi acompanhada por um propósito maior. “Vivemos um momento de emergência climática, e só não percebe isso quem está distraído ou apenas por ignorância. Era muito importante estarmos associados a uma marca que também trabalha esta dimensão”, afirmou o presidente do TPN.
Todos os barcos da The Ocean Race funcionam como verdadeiras estações de investigação, recolhendo dados sobre temperatura da água, salinidade ou microplásticos. “São gritos de alerta que vão sendo feitos todos os anos para aquilo que está a acontecer aos nossos oceanos. E os nossos oceanos são vitais. David Attenborough, depois de 90 anos de contacto com o planeta, diz que percebeu que a nossa vida depende mais do mar do que da terra”, recordou.
O legado deste Fly-By, defende o responsável, será precisamente esse despertar: “Que as novas gerações olhem para os oceanos de forma diferente”.
O evento em Matosinhos foi também um ensaio para ambições maiores. O destino já conquistou a realização, em 2026, do Summit for the Oceans, que vai reunir cientistas e outros especialistas de todo o mundo. E sonha mais alto: “No futuro, queremos trazer a World Race. Era muito importante que as coisas corressem bem aqui para mostrar que somos um destino seguro. E estão a correr bem. Estamos todos de parabéns”.

Mariana Lobato ladeada por Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte, e Luísa Salgueiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos © Jean-Louis Carli | The Ocean Race Europe 2025
A rede de parceiros locais foi fundamental, sublinha: Turismo de Portugal e Secretaria de Estado do Turismo, município de Matosinhos, Universidade do Porto, através do Centro de Investigação de Ciências do Mar (CIIMAR), APDL e muitos outros que ajudaram a tornar possível a operação.
Além das preocupações com a sustentabilidade, há um objetivo estratégico: captar turistas náuticos. “É um turista que deixa em média 300 a 400 euros por dia em cada sítio onde aporta”, recorda Luís Pedro Martins. O Porto e Norte tem 140 km de costa atlântica, uma oferta gastronómica de excelência — só em Matosinhos são mais de 400 restaurantes com peixe e marisco fresco —, vinhos reconhecidos, património natural e cultural, e experiências de animação turística em crescendo.
“Os velejadores dizem que a entrada na nossa costa é absolutamente fantástica, com imagens fabulosas, a partir de Finisterra. Temos uma narrativa única ligada ao mar, desde o Infante D. Henrique e a primeira escola náutica do mundo, em Sagres. Agora temos de saber vender este produto”, reforça.
O envolvimento na The Ocean Race soma-se à gala Michelin, ao Congresso da ICCA, à candidatura ao regresso da Air Race ou à ambição de captar os headquarters da The Ocean Race, atualmente em Alicante. “Este pode ser o gatilho para atrair muitos outros eventos desportivos, científicos e culturais”, aponta o presidente do TPN.
Com este Fly-By, o Porto e Norte assume-se no mapa do turismo náutico e, ao mesmo tempo, ergue a voz pelo futuro dos oceanos. Como resume Luís Pedro Martins: “Queremos deixar como legado este alerta para a preservação dos oceanos. O nosso futuro depende, de facto, dos nossos oceanos e temos que os saber tratar de forma diferente. Por isso, este é um grande propósito”.
A passagem da The Ocean Race Europe por Matosinhos foi mais do que um espetáculo desportivo. Para a presidente da Câmara Municipal, Luísa Salgueiro, tratou-se de um momento que reforça a relação profunda do concelho com o mar e projeta-o para o futuro. “Receber a The Ocean Race em Matosinhos insere-se numa estratégia muito vasta que desenvolvemos de promoção da nossa relação com o mar nos vários domínios”, sublinhou.
A autarca recorda que Matosinhos é “terra de pescadores, com mais de 400 restaurantes de peixe”, que assume a marca World’s Best Fish, mas também um território de ciência e inovação. No Terminal de Cruzeiros funciona o CIIMAR – Centro de Investigação de Ciências do Mar da Universidade do Porto, “uma rede com mais de 600 investigadores, todos relacionados com o tema dos oceanos e tudo o que é a economia azul”.
O acolhimento da The Ocean Race, defende, tem impacto direto nessa estratégia: “Esta prova é muito mais do que uma prova desportiva, é um evento com grandes repercussões também de grande escala e com efeitos em vários domínios”.
© Jean-Louis Carli | The Ocean Race Europe 2025
Para Matosinhos, cidade europeia do desporto em 2025, com mais de mil eventos previstos, a The Ocean Race é também um sinal do compromisso com a sustentabilidade. “Nós queremos construir o futuro de Matosinhos a partir da economia azul e da sustentabilidade, além da meta da neutralidade carbónica que atingiremos em 2030, antecipando os objetivos europeus e nacionais”, afirmou.
Mais do que um ponto isolado no calendário, Luísa Salgueiro vê este Fly-By como o início de uma relação duradoura. “Primeiro, não quero que esta seja uma passagem, esta é a primeira passagem. Quero que a The Ocean Race continue a vir a Matosinhos para o Fly-By e para outras provas”, afirmou, lembrando que em 2026 a cidade acolherá também o Summit dos Oceanos, novamente no Terminal de Cruzeiros de Leixões.
“O legado é que este seja o primeiro momento da The Ocean Race em Matosinhos e que consigamos construir uma relação de continuidade com esta entidade, que nos projeta sem dúvida a uma escala global”, reforçou.
Para a autarca, um dos grandes méritos desta etapa foi a mobilização da comunidade local. “Foi muito importante ver a comunidade matosinhense envolvida: os clubes de vela, a restauração, as empresas, os investigadores. Este não foi um evento só para assistir, mas sobretudo para fazer parte de um grande momento”.
Luís Pedro Martins e Luísa Salgueiro com os responsáveis da APDL, do CIIMAR e da organização da The Ocean Race Europe durante a sessão oficial de abertura da Fly-By de Matosinhos
Luísa Salgueiro sublinha ainda a importância do alinhamento institucional para concretizar a ambição. “A primeira mensagem é de reconhecimento do papel decisivo que o Turismo do Porto e Norte tem neste dossiê, em particular o Luís Pedro Martins, que é um amigo de Matosinhos e que sempre procura connosco a melhor forma de promover turisticamente o concelho”.
E acrescenta: “Tivemos um alinhamento perfeito com o Turismo de Portugal, com o Governo e com a Secretaria de Estado do Turismo. Houve algumas hesitações sobre realizar ou não a prova, mas Matosinhos desde o início manifestou interesse e vontade. É preciso essa proatividade para garantir que eventos como este se firmam aqui no nosso território”.
A passagem da The Ocean Race por Matosinhos deixa assim uma marca de identidade, inovação e futuro. Como resume a presidente da Câmara: “São dias muito felizes estes em que temos aqui a The Ocean Race”.
Receber a The Ocean Race Europe em Matosinhos foi mais do que acolher um Fly-By. Para Mirko Groeschner, diretor de marketing e de new business da prova, a escolha de Portugal como destino nesta etapa resultou de uma combinação de fatores estratégicos, técnicos e emocionais. “Portugal é um país muito interessante da costa atlântica, que se adequa à nossa classe de barcos. E, em segundo lugar, é uma região interessante aqui no Norte, no Porto. Encontrámos anfitriões entusiastas que realmente queriam que a regata acontecesse”, destacou.
Mas se há algo que marca o ADN da The Ocean Race é a sua imprevisibilidade. “Somos uma corrida de barcos offshore que percorre mais de mil milhas de um lugar para outro. E não sabemos quando eles vão chegar. Não sabemos quantas equipas vão acabar por chegar. Esta imprevisibilidade do desporto é bastante desafiante”, sublinhou Groeschner.
© Jean-Louis Carli | The Ocean Race Europe 2025
A prova não se limita ao espetáculo do mar. Cada paragem está integrada num ecossistema global que envolve equipas, patrocinadores, cidades anfitriãs e comunidades locais. “Para as equipas é muito interessante estar aqui, porque é possível construir relações futuras. E é importante para o nosso objetivo geral, que é competir pelo oceano”, explicou.
Essa ligação estende-se também ao conhecimento científico e à investigação. O facto de Matosinhos acolher o CIIMAR, no Terminal de Cruzeiros, reforça a sintonia entre os valores da prova e o território.
Para a organização da The Ocean Race, mais importante do que a visibilidade imediata é o que fica para o futuro. “Estamos interessados em parcerias de longo prazo. Não estamos atrás de negócios de curto prazo. Procuramos parcerias de longo prazo”, garantiu Groeschner.
Em Portugal, essa visão encontrou eco. “Com o Turismo de Portugal encontrámos uma visão de longo prazo em comum. E isso não se concentra apenas nesta região. Estamos a desenvolver novos conceitos, novos formatos, algo com as pessoas daqui para o futuro, mas também em todo o país”.
Para quem acompanha, a incerteza pode ser motivo de ansiedade, mas é precisamente aí que reside a beleza desta competição: a vida real dos oceanos, a dureza da navegação e a grandeza do inesperado. Como resume Groeschner, “a gestão das expectativas é sempre o maior desafio”.
É essa mesma imprevisibilidade que transforma cada chegada num momento único, carregado de emoção, e que faz da The Ocean Race uma das maiores provas desportivas e humanas do mundo.
A passagem da The Ocean Race Europe por Matosinhos não se limitou à chegada dos barcos: a cidade organizou um programa paralelo que transformou o Terminal de Cruzeiros de Leixões num verdadeiro ponto de encontro entre desporto, ciência e diversão para todas as idades.
A partir de terça-feira, 19 de agosto, às 18h00, o público pôde explorar três grandes áreas temáticas: o Fun Park, com roda gigante, insufláveis, trampolins e outras diversões; a zona de Street Food, onde se reuniram sabores locais e provas de vinhos do Douro e Minho; e o Espaço Ciência, com exposições interativas e experiências sobre o oceano, curadas pelo CIIMAR. À noite, o terminal transformou-se num espetáculo de luz e som com um DJ set e a projeção multimédia Guardians of the Ocean: A Night Odyssey, que, através de mapping e teatro de rua, animou a fachada do edifício e toda a envolvente, com sessões às 22h00 e 23h00.
© Jean-Louis Carli | The Ocean Race Europe 2025
No dia 20 de agosto, enquanto se aguardava a chegada dos IMOCA 60 ao Fly-By, as atividades começaram cedo: foram oferecidos batismos de vela gratuitos entre as 10h30 e as 17h00, mantendo abertas as atrações do Fun Park e as exposições do Espaço Ciência, que incluíam exibições de filmes.
O CIIMAR dinamizou ainda as Ocean Talks (11h00–16h00), onde investigadores e especialistas debateram a preservação dos oceanos e o futuro da sustentabilidade marítima, reforçando o caráter educativo e científico do evento.
Este programa paralelo transformou Matosinhos numa celebração do mar, da vela e da ciência, garantindo experiências únicas para visitantes de todas as idades e consolidando a cidade como destino de referência para eventos náuticos e de inovação científica. No total dos dois dias, passaram por este Fly-By mais de 20 mil pessoas.
A passagem da The Ocean Race Europe por Matosinhos foi também o mote para uma press trip internacional organizada pelo Turismo do Porto e Norte, com o apoio do associado O-Sports. Entre 18 e 21 de agosto, jornalistas de meios de referência como a Forbes, Hola Viajes, Corriere dello Sport, La Stampa, Luxury Lifestyle Magazine e Boat Heroes tiveram oportunidade de conhecer a diversidade da região, num programa que aliou mar, gastronomia, vinho e património.
O itinerário incluiu experiências como um passeio de barco no Douro com a FeelDouro by BBDouro Nautical Experiences, atividades náuticas no hotel FeelViana, uma visita e prova na Aphros Wine com o apoio da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, assim como um mergulho na tradição local através do Mercado Municipal de Matosinhos e da histórica Conservas Pinhais.
A vertente gastronómica foi igualmente destaque, com refeições em restaurantes emblemáticos como o Vinum, Flor de Lis, Mauritânia Real e no próprio Mercado Municipal. Hospedados no Vila Foz Hotel & Spa, os convidados partiram com uma visão ampla da região: uma terra de mar e vela, mas também de vinhos, sabores autênticos e hospitalidade.
Desta press trip resultaram já diversos artigos, publicados nos meios convidados. Na Forbes, destacou-se o ambiente descontraído da paragem em Matosinhos, com os velejadores a poderem comer hambúrgueres e gelados. No italiano La Stampa, quatro artigos mostram a experiência no Terminal de Cruzeiros, onde havia uma cadeira de massagens com vista para o mar e uma massagista à disposição, revelando as meias que a velejadora italiana Francesca Clapcich usou de propósito em Matosinhos, numa homenagem a Portugal e ao nosso mar; o Fly-By na perspetiva do velejador italiano Ambrogio Beccaria; uma entrevista com o presidente do Turismo do Porto e Norte sobre a importância de acolher a The Ocean Race Europe; terminando com uma outra entrevista, desta vez ao presidente da The Ocean Race, Richard Brisius.