O turismo no interior norte do país tem registado resultados “excelentes” com várias unidades de alojamento com “lotação esgotada”, num verão em que se privilegiam férias em família e longe de multidões por causa da pandemia.
No Alto Minho, mais precisamente em Arcos de Valdevez, Rui Marinho proprietário de unidades de alojamento na aldeia turística de Oussias o verão de 2020 “superou, e bastante”, todas as previsões, para um setor que, “primeiro travou a fundo” e depois, a partir de maio, e com o início do desconfinamento “acelerou, completamente a fundo”. Atualmente com uma taxa de ocupação de 100%, o proprietário, refere que mantiveram os resultados do ano anterior e esperam um mês de setembro “excelente.
Em Vieira do Minho, alguns quilómetros a sul, o cenário é muito semelhante com lotação esgotada para agosto, depois de um julho com ocupação a 90%, de acordo com as declarações de Rafael Viana, proprietário de várias unidades de alojamento local.
No Douro, a abertura das unidades hoteleiras, restaurantes e lojas de vinho foi acontecendo de forma gradual desde maio, mas os resultados são bastante animadores desde julho. Cláudia Ferreira, diretora de turismo de uma das quintas características da região, revelou que a taxa de ocupação das unidades é de 100%, em agosto, tendo rondado os 90% em julho. Para setembro, a taxa de ocupação ronda, neste momento, os 60%, mas é expectável que aumente por causa das reservas de última hora, outra grande tendência do ano de 2020. A maior dificuldade na região do Douro é sentida no enoturismo, por causa da drástica redução de turistas estrangeiros. “Embora já se comece a ver um ou outro estrangeiro, 80% é mercado nacional”, salientou.
No interior do distrito do Porto, os resultados também têm sido positivos. Na zona de Amarante, uma unidade hoteleira dedidca ao enoturismo tem lotação esgotada para agosto, depois de junho nos 55% e julho nos 77%, principalmente por portugueses, alguns espanhóis e franceses. O diretor da unidade refere que o setor está a mostrar-se “cada vez mais capaz” face à pandemia e acredita que esta é uma “dupla oportunidade” para a região, ao permitir que a mesma se destaque das restantes zonas do país e dê a conhecer, especialmente ao mercado nacional, um produto que, apesar de familiar, não conhece: as vindimas.
Luís Pedro Martins, presidente da entidade de turismo Porto e Norte de Portugal revelou dia 5 de agosto que a pandemia inverteu os números da procura turística na região. A maioria dos turistas, principalmente nacionais, está a dar preferência ao interior do país. O turismo rural é o grande impulsionador desta dinâmica que deixou as cidades tradicionalmente mais populares, como é o caso do Porto, com taxas de ocupação inversas ao período que antecedeu a pandemia. No entanto, sublinha que, apesar da ocupação na cidade do Porto rondar apenas os 30%, corresponde ao “dobro dos hotéis de Lisboa”.